Estudo revela que manchas solares podem desaparecer até 2015. |
Os cientistas já confirmaram que o Sol está passando por um dos mais longos períodos de baixa atividade dos últimos 100 anos, sem que nenhuma mancha solar apareça na superfície da estrela durante meses. Nos últimos dois anos o silêncio parece ter aumentado e despertou a possibilidade das manchas solares estarem sumindo.
"Pessoalmente acredito que elas vão voltar, mas as evidências de que elas estão diminuindo são cada vez maiores", disse o astrofísico Matt Penn, ligado ao Observatório Nacional do Solar (NSO), localizado no Arizona. E Penn pode ter razão.Utilizando dados das manchas solares registrados nos últimos 17 anos, Penn e seus colegas do NSO encontraram uma tendência realmente preocupante e descobriram que o magnetismo das manchas solares está em acentuado declínio.
"O campo magnético das manchas está caindo cerca de 50 Gaus por ano e se extrapolarmos essa tendência veremos que elas deverão desaparecer por completo até 2015", disse o cientista.
Considerando que as manchas solares são formadas por campo magnético, sua diminuição pode realmente fazê-las desaparecer. A estrutura de uma mancha não é formada por matéria e sim por um colossal campo magnético, tão intenso que bloqueia o fluxo ascendente do calor vindo do interior do Sol, tornando a região escura. Se a Terra perdesse seu campo magnético o corpo sólido ainda permaneceria intacto, mas no caso das manchas a perda do magnetismo faria simplesmente elas desaparecerem.
"De acordo com nossas medições, as manchas solares só se tornam visíveis quando o campo magnético é superior a 1500 Gauss", disse Bill Livingston, também ligado ao NSO. "Se a tendência atual se confirmar iremos atingir a base desse limite muito rapidamente, quando os campos magnéticos se tornarão tão fracos que não formarão mais as manchas como as vemos atualmente."
Alvoroço
O trabalho de Penn e Livingston causou um verdadeiro alvoroço entre os físicos solares. Segundo David Hathaway, um dos maiores especialistas no assunto, ligado ao Centro Ames, da Nasa, o estudo ainda é bastante controverso.
"Sabemos que Livingston e Penn são excelentes físicos experimentais e a tendência parece ser de fato real" disse Hathaway. "O problema está em aceitar completamente a extrapolação proposta". No entender de Hathaway, a maior parte dos dados foi tomada depois do máximo do ciclo solar 23 (entre 2000 e 2002), quando a atividade natural começou a declinar. Assim, a queda da intensidade magnética poderia ser um aspecto normal do ciclo solar e não um sinal de que as manchas estão desaparecendo.
Nova Técnica
Penn concorda com Hathaway e afirma que a técnica de medição é bastante recente e a série de dados ainda é bastante pequena, de apenas 17 anos. "Podemos estar testemunhando uma desaceleração apenas temporária que poderá inverter-se, mas os números mostram claramente uma diminuição do campo magnético".
Linhas Espectrais
A técnica usada foi criada por Livingston e empregada junto ao telescópio solar McMath-Pierce e consiste em observar uma linha espectral emitida pelos átomos de ferro na atmosfera solar. Ali, os campos magnéticos das manchas fazem a linha se dividir em duas, em um efeito chamado "Zeeman splitting", descoberto pela primeira vez no século 19 pelo físico holandês Pieter Zeeman. A técnica atual permite medir a intensidade do campo magnético através do tamanho da divisão entre as duas linhas espectrais.
Inverno Implacável
O mínimo mais longo da história, o Mínimo de Maunder, ocorreu entre 1645 e 1715 e durou incríveis 70 anos. Manchas solares eram extremamente raras e o ciclo solar de 11 anos parecia ter se rompido. Esse período de silêncio coincidiu com a "pequena Era do Gelo" uma série de invernos implacáveis que atingiu o hemisfério Norte.
Por razões ainda não compreendidas, o ciclo de manchas solares se normalizou no século 18, voltando ao período de 11 anos. Como os cientistas ainda não compreendem o que disparou o Mínimo de Maunder e como pode ter influenciado o clima na Terra, a busca por sinais de que possa ocorrer de novo é um trabalho constante nas pesquisas.
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